domingo, 9 de dezembro de 2018

O Complexo de Édipo

Édipo e Esfinge- Mito de Édipo

  O chamado Complexo de Édipo é um dos mais expressos exemplos de como de facto o mito pode estar na origem da razão. 

  A necessidade de entender e explicar algo desconhecido dá origem ao mito, fundamento que surge sem algum tipo de prova científica, como resposta às dúvidas do Homem. 
  Este, por sua vez, poderá ser desenvolvido até se tornar na Razão, como poderá ser o caso do Complexo de Édipo- desenvolvido pelo médico neurologista Freud, que claramente se inspirou numa histórica mitológica Grega, à qual atribuiu o nome do seu Complexo.
  A mitologia Grega conta a história trágica de Édipo, filho de Laio e de Jocasta. Antes de nascer, Laio havia sido alertado pelo Oráculo de Delfos que algo de terrível iria acontecer: Édipo mataria o pai e casar-se-ia com a própria mãe. 
  Assim que Jocasta dá à luz Édipo, Laio abandona-o no chamado Monte Citerão, pregando-lhe os pés de forma a matá-lo. No entanto, o bebé foi salvo por um pastor e mais tarde adotado pelo Rei de Corinto. Este regressa a Delfos, onde havia nascido, e ao consultar o Oráculo é lhe dada a mesma previsão que tinha sido dada a Laio. 
  Julgando se tratar dos seus pais adotivos, foge na tentativa de se afastar destes e desta forma os proteger. Enquanto fugia, encontra-se com um homem que o pede para sair da sua frente e Édipo mata aquele indivíduo, não imaginando que se tratava do próprio pai.
  Ao chegar à sua terra Natal, conhece uma mulher e apaixona-se por ela. Casam e têm quatro filhos. No acaso, consultam o Oráculo e descobrem aí que são mãe e filho. Jocasta suicida-se e Édipo cega-se propositadamente por não ter reconhecido a própria mãe. 

  É aqui que de certa forma, a mitologia se funde com a Razão.
 Sigmund Freud, o criador da Psicanálise, tenta a partir desta prática médica, entender o Ser Humano - talvez uma das mais complexas temáticas a se conseguir compreender. Em 1900, publica a sua obra “A interpretação dos sonhos”, dividindo médicos que acreditam que o sonho é apenas fabrico das nossas células e nada mais significativo; e a sabedoria popular que acredita que os sonhos servem para transmitir ou compreender algo, que o Homem não havia sido capacitado de compreender no seu estado natural de consciência. Foi no seu consultório e devido a inúmeros casos de pacientes que se apresentavam com lesões externas, como o não conseguir controlar membros do corpo, sem que, de facto estivessem presentes lesões internas, que Freud conclui que, talvez a dor física seja tão importante como a psíquica. O quão importante seria conhecer e entender melhor a nossa própria mente, modos de agir e viver…?
  Aquilo que nós enquanto seres humanos, sentimos, cremos e pensamos não é separado daquilo que somos na nossa realidade corpórea. O organismo e a mente, estão para Freud, conectados.   
Sigmund Freud

 O Complexo de Édipo foi um fundamento de Freud bastante polémico. Afinal, não seria um pouco impróprio sexualizar o desejo de uma criança pela própria mãe? O Complexo vai muito além desta pequena afirmação.

  Assim como analisara os seus pacientes, Freud analisa-se a si mesmo e, é a partir da sua própria consciência em relação à sua infância, que começa a desencadear teorias.
  Mesmo antes de nascer, a criança é dependente da mãe para satisfazer as suas necessidades e o mesmo acontece durante a infância, na qual a mãe e o pai são as principais fontes que concedem à criança tudo aquilo que esta precisa, e que ao mesmo tempo a protegem de todas as adversidades existentes. Assim sendo, o desenvolvimento Psicossexual do Homem provém desde o seu nascimento.
    É desde o nascimento da criança que esta possui o líbido, conceito utilizado para caracterizar a energia sexual instintiva de cada um. O líbido vai-se desenvolvendo na criança ao longo de cinco fases, tendo em conta as zona erógenas do corpo Humano ( a boca, o ânus e os órgãos genitais). Começando pela fase oral, segue-se a anal, depois a fálica, a latente e por fim a genital.
  Facilmente se compreende todo este pensamento. A fase oral desenvolve-se na etapa em que, graças à boca da criança, esta se sente gratificada ao satisfazer uma das suas principais necessidades: alimentar-se do leite proveniente do seio da mãe.  Por volta de um ano de idade, muita aprovação por parte do pai e da mãe passa pelo facto da criança conseguir ou não usar o vaso sanitário. Inconscientemente, as zonas erógenas vão-se tornando fonte de satisfazer necessidades (o líbido) e sentir aprovação (o ego).

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  É na seguinte fase: a fálica ( que geralmente decorre dos três aos seis anos), que se desenvolvem fortemente o líbido e o ego. Notório em quase, se não em todas as crianças. 
  A criança cresce a depender fortemente dos pais e de certa forma a vê-los viver unicamente em sua função. Começa a compreender que a mãe também ama o pai, ou que o pai também ama a mãe. Geralmente surge uma necessidade de disputa da criança com o membro do mesmo sexo, perante o membro do sexo oposto.
  No caso do Complexo de Édipo, o filho disputa com o pai pela atenção da mãe, considerando este o culpado por ao longo do seu crescimento a mãe, de certa forma, não proteger tanto o filho como costumava fazer ao início. Lógico para os adultos, porém frustrante para a criança que tende a encontrar justificação para o comportamento da mãe, que não só ama o filho, mas ama e também tem uma relação com o pai.
  Ao mesmo tempo que disputa com o pai, o menino deseja ser como o seu progenitor, tendo em conta que este conseguiu ter a atenção da mãe. 

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  Este conceito, que por vezes pode de facto ser mal interpretado, não se baseia numa atroz atração sexual do filho pela mãe, mas sim num simples desejo do filho em relação à mãe baseado em fundamentos da biologia, do corpo humano e do desenvolvimento Psicossexual do Homem. 

  Está claro, que ainda nos dias de hoje, muitas dúvidas são apontadas ao Complexo. O que acontece às crianças na qual os pais são divorciados? Às crianças que crescem unicamente com o pai ou com a mãe? Freud considera que estes parâmetros podem ser importantes na formação da personalidade da criança e imagina até que a ausência do pai, pode levar a criança a não disputar pela sua imagem e querer ser como a mãe, ou vice-versa, o que mais tarde poderá refletir-se na sua homossexualidade. Isto conduz a discussões e reflexões que abordam temáticas completamente distintas e que dividem a sociedade em diferentes opiniões, assim como as mais variadas questões que este Complexo consegue integrar.

                                                                                                            Beatriz Alexandra

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