sábado, 12 de janeiro de 2019

Ama-te primeiro


“ Numa sociedade que lucra com as tuas dúvidas, gostar de ti mesmo é um ato rebelde.” 
– Caroline Caldwell






  Ao longo do crescimento do ser humano, o amor vai-se manifestando de várias formas. Nascemos e o nosso primeiro amor é a nossa mãe, quem nos deu a vida, quem nos alimenta e quem nos protege como a verdadeira bênção que somos para ela. Crescemos um pouco mais e o nosso pai é o nosso herói, torna-se o nosso segundo amor aquele que se parece com os super-heróis da televisão. Não com os mesmos poderes mágicos, apenas com poderes diferentes… 
  O amor estende-se à família, àqueles que cuidam de nós, que brincam connosco e que nos ensinam palavras e coisas novas. Interagimos com meninos e meninas da nossa idade que se tornam os nossos primeiros amigos e aí o amor ganha uma nova dimensão à qual gostamos de chamar de amizade. 
  Na nossa turma, o rapaz ou rapariga que se senta ao nosso lado na carteira até tem o seu “quê de engraçado” e sentimos pela primeira vez algo diferente, ainda que não seja o máximo que sejamos capazes de sentir…apenas ainda não o sabemos. 
  Somos adolescentes e achamos um pouco ridículo aqueles nossos “namoricos” que tínhamos enquanto crianças. Porém, conhecemos a primeira pessoa de quem gostámos realmente e achamos que irá ser o nosso único e eterno amor para toda a vida. 

  O dicionário, já por si diz-nos que o amor é o «Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; Grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa; Ser que é amado; Entusiasmo ou grande interesse por algo; (…)» 
  Ao longo destas fases, acontece que o amor se projeta a diferentes níveis senão o amor que alguém sente por alguém. Aprendemos que esta palavra tem muito mais sentido e significado do que o romance entre duas pessoas que se sentem atraídas uma pela outra.
  O Homem ganha amor a uma arte, quer seja a paixão pela música, pela pintura, pelo teatro, dança, escrita, desporto, quer seja por um minucioso pormenor que poucos poderão entender. 
  A vida pouco ou nada é sem amor. O que é preciso entender é que para o conseguir alcançar, seja da maneira que for, é preciso primeiramente ter a capacidade e a coragem de nos amarmos a nós mesmos. 
  E a coragem que isso exige…Numa sociedade em que os padrões comandam mais as pessoas do que as pessoas comandam os seus padrões. 
  Lemos e ouvimos por todo o lado incentivos ao amor próprio. Nos dias de hoje mais do que nunca. Talvez porque são numerosos os exemplos de como os tais padrões e exigências se emaranharam de tal maneira na integridade do Homem, que aquela rapariga que sonhara ser modelo nunca o fora porque para os padrões era demasiado gorda e tinha estrias em sítios que não deveria ter. Quando conhecemos a sua história, passamos a saber que a mesma passava fome dia após dia. Ela só queria encaixar… A criança que sofreu de bullying por parte dos colegas da escola, porque afinal as suas roupas eram tão antiquadas e baratas. Quando conhecemos a sua história, percebemos que a mãe se matava a trabalhar para lhe conceber pelo menos uma refeição digna por dia…Exemplos daquele e daquela que se convenceram ser algo que não eram, que vivem infelizes porque por fora continuam a ser os mesmos e por dentro já não sabem o que são. Eles só querem encaixar…
  O que vale viver a tentar agradar a todos, quando dessa forma não agradamos à única pessoa que de facto devíamos agradar? Um segredo que muitos não sabem é que as pessoas que atraímos quando estamos sob esta “máscara do agrado”, provavelmente não são as pessoas certas para nós.
  A pessoa que, assim que vive com plena confiança e determinação é capaz de absolutamente tudo, porque se conhece de verdade, se orgulha de quem é na sua totalidade com as suas virtudes e defeitos e faz plenamente aquilo que ama. Assim como este processo exige coragem, este processo exige também um trabalho contínuo. Como se fôssemos um jardim que todos os dias precisasse de ser regado para que desta forma as suas flores possam crescer e crescer.
  Cuida de ti com carinho, a pensar que és um jardim.
  Sê como a natureza. Não existe uma árvore igual a outra árvore, porém esta diversidade não faz com que a natureza se torne menos bela. 
  “Como tu te amas é como ensinas os outros a amar-te”, diz-nos esta citação bastante popular. De facto, o amor próprio não atrai nada mais do que as pessoas certas, os momentos certos e as conquistas certas. A positividade atrai positividade. Não acredites que submeteres-te aos padrões que nem sabes quem os cria, que fará de ti mais amado e aceite. Se não és suficiente para ti mesmo nunca serás para ninguém.

  Ama-te 
  E se estás no processo de aprender a amar-te, já és de facto uma pessoa incrivelmente corajosa.


                                                                                                                             Beatriz Alexandra

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