quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Viver com a frustração



“Um tipo frustrado é um homem demasiado inteligente para ser um homem meramente inteligente e não bastante inteligente para ser um homem de talento.” 


                                                                 -Fernando Pessoa 








  O Homem procura constantemente satisfazer os seus desejos. Cria objetivos que o possam gratificar, seja no mais pequeno pormenor, seja inconscientemente. 
   A frustração é o estado mental que surge em consequência de uma meta ou objetivo que não é alcançado. O que impede a falta de sucesso em algo pode-se dever a fatores: internos e externos, muitos deles fora do nosso próprio controlo. 
  Muitas vezes a melhor forma de compreender um pouco mais o ser humano é realizar uma introspeção, analisando-nos como o exemplo mais próximo e o que conhecemos mais profundamente diante de todos os outros seres humanos.
  Com certeza, em algum momento da vida já nos sentimos frustrados. Mais certo seria dizer, provavelmente em diversos momentos. Desde crianças desejamos obter ou fazer algo com muita intensidade e nem sempre os nossos desejos são concedidos. 
  A facilidade que há em certos casos, durante a infância, em obter tudo aquilo que se deseja, quando se deseja e da maneira que se deseja, pode de facto criar uma certa postura de comodidade e uma perspetiva errada da vida adulta. Daí, depararmos-nos com adultos ou jovens adultos extremamente frustrados, perante determinadas situações que fazem parte do nosso crescimento enquanto indivíduos. Não que este seja o único fator por detrás

desta situação e não que este  fator esteja necessariamente por detrás desta situação. No estudo do Homem nada pode ser analisado como exato e equitativo para todos.


  É importante compreender que o que nos impede e dificulta a chegar a certo lugar não depende somente de nós e, por vezes, a batalha que percorremos até então não seja totalmente um desperdício de tempo. Quando nos apercebemos que não chegamos onde queríamos chegar, mas permitimos abrir horizontes para perceber que chegamos a outros lugares, talvez tão importantes para o nosso crescimento como este lugar que tanto cobiçamos,… aí estamos a ultrapassar a frustração. Estamos a reverter uma situação de perdas e de falhas para mais uma vitória na nossa evolução enquanto seres humanos. A pegar nos pedacinhos e a juntá-los novamente. 


  A frustração, este sentimento que nos dá umas voltas na barriga, umas dores de cabeça e uma vontade de gritar? Talvez não deva ser associada a algo tão negativo, desde que tenhamos a capacidade de usar a frustração como uma oportunidade para aprender.

  Pode demorar a ultrapassá-la, pode ser difícil voltar a acreditar e a recuperar a motivação para agir, mas é importante ter em mente que a frustração não é um sentimento muito bom para nos acompanhar durante demasiado tempo. O Homem sem esperanças e sem vontade torna-se cómodo. 
  O comodismo, o estar naquela zona de conforto, mesmo que não seja assim tão confortável para nós, mas é o melhor que conhecemos até então… Não agir e esperar frustrado não faz com que nada se altere para melhor, isto sabemos nós que acreditamos que décadas atrás a Democracia não se instalou porque todos ficaram sentados em casa extremamente zangados com o sistema, a deixar os dias passar.

  A frustração faz parte
 É preciso aceitá-la como uma fase integrante em muitas das nossas batalhas
  E depois largá-la
 Porque não podemos viver frustrados a encarar uma porta fechada
 Com tantas outras abertas



Beatriz Alexandra



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