Posteriormente, este movimento espalhou-se para países vizinhos como por exemplo a Itália, a Bélgica e os Países Baixos. O protesto dos Coletes Amarelos chegou a Portugal no dia 21 de dezembro de 2018.
Como se iniciou?
O movimento de protesto começou nas redes sociais. Este que se manifestava contra o aumento do imposto sobre os combustíveis, rapidamente se tornou num grito contra a evolução negativa do poder de compra dos franceses e contra o governo de Emmanuel Macron.
O que começou como uma mera reunião de pessoas em protesto contra o aumento dos preços dos combustíveis, logo se transformou numa autêntica revolução que se estendeu a Paris e a diversas cidades francesas. Em poucos dias passou-se para um objetivo político bem mais amplo.
Num ápice, a França passou de uma das democracias mais estáveis da Europa para um país com um ambiente de revolta nas ruas, ruas essas onde se podia encontrar carros queimados, forças policiais, paralisação das infraestruturas rodoviárias, etc (…) Toda essa destabilização pôde também ser encontrada nas zonas mais emblemáticas de Paris como os Champs-Élysées e o Arco do Triunfo.
Champs-Élysées durante as manifestações |
Champs-Élysées antes das manifestações |
Porquê o colete amarelo?
O "colete amarelo" foi escolhido como símbolo porque a todos os motoristas o seu uso foi exigido por lei, desde 2008, de forma a terem maior visibilidade. Como resultado, os coletes tornaram-se amplamente disponíveis e até simbólicos.
"As manifestações dos Coletes Amarelos foram a primeira movimentação popular de peso contra políticas ambientais."
O que se sucedeu para originar estas manifestações?
As manifestações dos Coletes Amarelos em França foram a primeira movimentação popular significativa contra políticas ambientais. O seu profundo significado político reside precisamente no reconhecimento deste facto. Até agora as políticas ambientais eram consideradas unanimemente como populares entre os países desenvolvidos. Verificou-se, no entanto, que este pressuposto estava errado. A maioria da comunidade científica, com todo o alarmismo que colocou nos problemas ambientais, não conseguiu fazer com que as pessoas se preocupassem mais com a “pegada ambiental” do que com pagar a renda ou ter maior poder de compra.
Assim, enfurecidos com o aumento dos preços dos combustíveis, com o aumento do custo de vida e com a afirmação de que as reformas fiscais propostas pelo governo desfavoreciam as classes média e trabalhadora, os manifestantes pediram a redução dos impostos sobre os combustíveis, o aumento do salário mínimo e a demissão de Macron.
Os Coletes Amarelos abalaram o dogma: que as políticas ambientais eram unanimemente apoiadas pela população e que esta estava disposta a sacrificar-se por melhorar o ambiente. Este raciocínio assentava num pressuposto errado, baseado na urgência dos problemas ambientais, que foram colocados acima das preocupações económicas da generalidade da população. Ora, só pessoas com um nível de vida bem confortável aceitam que as políticas ambientais se possam repercutir nos seus rendimentos.
É justo que as pessoas com mais rendimentos paguem pelas políticas ambientais, mas profundamente injusto que estas tenham impacto sobre outros setores da sociedade que lutam pela sobrevivência.
“Não estamos a viver, estamos a sobreviver”, diz um manifestante.
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