É verdade que, o corpo feminino tem sido alvo de exigências, desde a Pré-História. Desde há muito tempo, que são estabelecidas propriedades físicas que uma mulher atraente e desejada deveria deter. O modelo ideal da mulher de décadas atrás, nem sempre se adapta ao modelo ideal dos dias de hoje, sendo que um corpo “perfeito” adotou diferentes significados consoante a época histórica.
A Vénus de Willendorf, por exemplo, estaria muito aquém dos padrões físicos atuais. No entanto, na altura, esta escultura representativa de uma mulher de seios, barriga e coxas bastante volumosos - estava claramente associada à fertilidade da mulher.
Todas as mulheres nascem com características físicas distintas, porém à medida que crescem são obrigadas a enfrentar uma sociedade que descrê dessas diferenças, tentando convencer, cada uma de nós, que uma aparência ideal nos irá assegurar a devida aprovação. Por todos, e em tudo.
A adolescência, a idade em que procuramos descobrir um pouco melhor a nossa identidade, é a altura perfeita para a sociedade atuar. O adolescente que procura agradar e ser aceite, começa a ouvir o que é verdadeiramente bonito. – Este, ainda não sabe que, a verdadeira beleza está em nos orgulharmos daquilo que somos, e que a beleza jamais será um daqueles conceitos universais.
Por volta da década de 50, eram vendidos produtos que ajudavam as mulheres a aumentar o peso e as curvas no corpo. Atualmente, os produtos consistem essencialmente na perda de peso, eliminação de estrias, entre outros. Exemplo este que demonstra como a indústria e a propaganda são agentes importantíssimos para incentivar a população a seguir estes comportamentos.
Nos tempos modernos, as redes sociais têm também um enorme impacto nesta matéria – Para além de ajudar a propagar os ideais daquilo que é uma aparência perfeita, é uma via muitas vezes utilizada para espalhar negatividade e humilhar aqueles que não encaixam nos padrões.
A necessidade exagerada em obter a aparência modelo, leva muitas mulheres a sofrerem de doenças físicas ou /e mentais. A mentalidade que muitas mulheres desenvolvem, como consequência das pressões da sociedade, é uma problemática tão comum, mas tão grave. Não é um assunto que deva ser encarado com leveza, apesar de ser tão banal para nós, que assistimos a estes comportamentos todos os dias.
Ao contrário do que a propaganda nos ensina, um corpo perfeitamente estruturado, não é sinónimo de felicidade. Não é sinónimo de auto-estima. Não é benefício sequer, para alcançar objetivos e obtermos com maior facilidade certas oportunidades.
É importante ensinar desde cedo, cada menina e futura mulher, a amar os seus cabelos ondulados, as suas sardas, a sua cor de pele,...o seu corpo, como um bem que lhe pertence somente a si e é apenas assunto seu. É importante incentivar as meninas e as mulheres a não permitirem ouvir críticas fundamentadas na estética, quando muitas dessas críticas têm como único objetivo vender um produto que nos irá fazer mais lindas. Vivemos numa sociedade capitalista, não é de admirar. Mas é importante perceber que:
“desde o primeiro dia, uma mulher já tem tudo o que precisa consigo mesma. É o mundo que a convence do contrário” – Rupi Kaur
Apontar alguém como sendo muito magra ou muito gorda, tem exatamente o mesmo impacto e efeito. Demonstrar a alguém como está fora do padrão estético, porque é “muito” algo, sendo muito gorda ou muito magra, é igualmente péssimo. O ser humano é capaz de fazer tanto, não nos foquemos apenas e inteiramente naquilo que não somos capazes de mudar por natureza. Acima de tudo, bonito é aquilo que conseguimos mudar e fazer crescer no nosso interior, sinal enorme de muita força mental e intelectual.
Se não conseguimos mudar por inteiro a forma como os outros encaram a importância de um corpo perfeito, comecemos por mudar a forma como nós mesmos encaramos o nosso próprio corpo. E deve ser com muito, muito amor.
Beatriz Alexandra
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