terça-feira, 2 de abril de 2019

Crianças, bicicletas, escola e liberdade


Aprender a andar de bicicleta é aprender liberdade. Precisamos de mais medidas destas no nosso ensino.

As crianças e jovens de agora serão os adultos deste século XXI, tão cheio de desafios identificados e por identificar. O futuro é incerto, mas decerto necessitará que sejam pessoas imaginativas, criativas, com espírito crítico, autónomas, empáticas, curiosas, com espírito de comunidade e de trabalho de grupo, participativas. Ou seja, pessoas livres.

A Escola tem aqui um papel determinante e deve ser capaz de dar todas as ferramentas para que os seus alunos cresçam. A mobilidade e a autonomia são duas ferramentas básicas e é por isso tão importante saber andar de bicicleta, a pé e de transportes públicos nas nossas cidades para conhecer os caminhos, cruzarmos-nos com estranhos e conhecidos, viver o espaço público, criar responsabilização e desembaraço.

Mas são precisas mais ferramentas. Maior empatia requer mais mundo, requer conhecer realidades que não são a nossa. Participação requer cultura democrática, conhecimento e experiência de como funcionam as instituições. Espírito crítico requer ouvir e discutir pontos de vista diversos. Criatividade requer tempo e cruzamento de conhecimentos e sensibilidades. É necessário que a Escola promova no seu ensino todos estes conceitos, através de mecanismos internos – como incorporar filosofia ou teatro nos seus currículos, por exemplo – mas sobretudo através de mecanismos de abertura. É preciso derrubar os muros escolares, garantir que a Escola não se fecha sobre si mesma e que toda a comunidade trabalha em conjunto no que é a Educação. E para isso é importante integrar nas políticas públicas as medidas no âmbito da escola e da vida escolar, garantindo que há recursos para as implementar.

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Uma das medidas mais emblemáticas e que tem sido mais noticiada é a inclusão do ciclismo no currículo escolar. Esta medida 7.1.2 da ENMA prevê que todos os alunos tenham oportunidade de aprender a pedalar, tanto em espaço delimitado como em espaço público, desde o 1.º ciclo ao secundário.

Esta é uma medida maravilhosa e que já tardava há muito. É maravilhosa porque terá efeitos concretos na mobilidade e na vida das nossas cidades – a bicicleta fará parte da normalidade de todas as crianças e jovens. É maravilhosa porque terá consequências ambientais e ajudará a que a pegada ecológica da nossa mobilidade diminua. É maravilhosa porque promove comportamentos mais saudáveis e combate o sedentarismo, num país com uma das mais altas taxas de inatividade física e obesidade (nomeadamente infantil) da Europa.

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