“Vivemos todos sob o mesmo céu, mas nem todos temos o mesmo horizonte.”
-Konrad Adenauer
O fenómeno a seguir explicado ocorre na Indonésia, numa região conhecida como Tana Toraja, habitada por um povo indígena: Os Toraja.
O tempo é agora. A realidade é a mesma e simultaneamente distinta da nossa, que separada por diferentes continentes, separa-se também por diferentes convicções perante a vida e perante a morte.
Encarar a cultura na qual somos inseridos como única e aceitável perante a variedade de culturas existentes, torna-se numa barreira enorme no que toca a expandir a nossa mente e a elevá-la para além daquilo que conhecemos por natureza. Ficar preso entre as quatro paredes imaginárias que a nossa mente conhece, torna-se um tormento quase tão grande como de facto estar preso entre quatro paredes físicas e reais.
Um dos nossos maiores poderes enquanto seres racionais é viajar e conhecer indetermináveis culturas, lugares, ou seja o que for, sem sequer sair do lugar.
Os Toraja são um povo que poderão chamar à atenção devido ao modo que muitos consideram “bizarro” de enfrentar a morte.
A família encontra-se no topo da pirâmide hierárquica para este povo. Aldeias são partilhadas por uma família inteira e a sucessão da linhagem de cada família é garantida muitas vezes com o casamento de primos a partir do quarto grau de parentesco.
A crença religiosa partilhada por este povo é chamada de animismo, cujo fundamento se baseia na existência de almas ou espíritos não só em seres humanos, como também em animais, plantas, entidades do meio ambiente, entre outros.
Segundo a crença, a morte é o momento mais importante.
Quando o espírito está pronto para partir, inicia a sua viagem para Pooya, nome atribuído ao estágio final da vida e onde a alma consegue por fim reencarnar. Até lá, é importante que o espírito esteja nos melhores cuidados, junto daqueles que ama, no lar onde sempre habitou. Chegar tranquilamente a esse estágio, ditará o sucesso da reencarnação - Caso contrário, os familiares receiam que o espírito permaneça nas suas casas, assombrando-os e causando distúrbios.
É importante despedirem-se dignamente e assimilarem com calma a partida de alguém. Ao invés do corpo ser enterrado de imediato, os familiares levam-no para a sua casa de família, na qual este permanece durante meses ou até anos.
O espírito, que ali permanece com a família, é submetido aos mesmos cuidados à qual um doente teria direito: é alimentado, as roupas são trocadas regularmente e usufruem até dos mesmos prazeres que tinham enquanto vivos, como por exemplo fumar um cigarro. De forma a não se decompor rapidamente, o corpo é mumificado.
Quando a fase de luto é ultrapassada ou as famílias já adquiriram o dinheiro suficiente para realizar o funeral, o corpo abandona, por fim, a casa.
Ao contrário daquilo que a nossa cultura está habituada, estes funerais são encarados como uma grande celebração, sendo que um funeral digno custaria cerca de 44 mil euros. Daí, o povo Toraja dedicar muitas vezes a vida inteira ao trabalho árduo em prol de adquirem o dinheiro suficiente para pagar o funeral, na altura da sua morte.
Mesmo após serem enterrados, os corpos são de tempos em tempos desenterrados para visitarem a família, usufruírem de um passeio aos locais que mais gostavam, comerem as suas comidas preferidas, entre outros.
Beatriz Alexandra
Sem comentários:
Enviar um comentário